Até aproximadamente o século 20, as culturas mais tradicionais
acreditavam que a autoestima elevada demais era a causa de todos os
males da sociedade. Em contraste, na sociedade ocidental de hoje,
desenvolvemos um senso cultural totalmente oposto. A base da educação
contemporânea, a maneira como tratamos os encarcerados, o fundamento da
maior parte da legislação moderna e o ponto de partida do aconselhamento
de hoje, partem da crença que as pessoas agem
mal por falta de autoestima e por terem uma valorização baixa de si
mesmas.
Por exemplo, a razão pela qual um indivíduo assaltaria outro e
cometesse outros crimes, seria o fato dele ter uma valorização muito
baixa de si mesmo. Anos atrás, a visão seria de que o problema desse
criminoso seria uma visão exagerada de si mesmo – soberba, arrogância.
Qual das duas está certa? Não sei. Pode ser ousado demais querer
arriscar esse tipo de análise acerca de toda uma cultura, envolvendo
relações tão complexas.
Contudo, em 2002 a psicóloga Laruen Slater
publicou no New York Times um artigo [The trouble with self-esteem] no
qual afirma que nada comprova que a autoestima baixa seja um grande
problema na sociedade e chega a dizer que “... as pessoas com autoestima
elevada são mais perigosas do que as pessoas com baixa autoestima, e
estar incomodado consigo mesmo não é a fonte dos maiores problemas
sociais do país”.
Quando mudamos a forma com a qual somos
direcionados a enxergar determinadas pessoas, numa cultura
crescentemente marcada pelo vitimismo, algumas coisas passam a fazer
maior sentido.
Eu, particularmente, julgo ser mais lúcido acreditar que
uma pessoa que seja soberba faça um grande mal à outra, do que uma
pessoa que se sente menor e mais fraco do que os demais.
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