terça-feira, 4 de agosto de 2015

Cultura dos coitadinhos


Até aproximadamente o século 20, as culturas mais tradicionais acreditavam que a autoestima elevada demais era a causa de todos os males da sociedade. Em contraste, na sociedade ocidental de hoje, desenvolvemos um senso cultural totalmente oposto. A base da educação contemporânea, a maneira como tratamos os encarcerados, o fundamento da maior parte da legislação moderna e o ponto de partida do aconselhamento de hoje, partem da crença que as pessoas agem mal por falta de autoestima e por terem uma valorização baixa de si mesmas. 

Por exemplo, a razão pela qual um indivíduo assaltaria outro e cometesse outros crimes, seria o fato dele ter uma valorização muito baixa de si mesmo. Anos atrás, a visão seria de que o problema desse criminoso seria uma visão exagerada de si mesmo – soberba, arrogância. 
Qual das duas está certa? Não sei. Pode ser ousado demais querer arriscar esse tipo de análise acerca de toda uma cultura, envolvendo relações tão complexas. 


Contudo, em 2002 a psicóloga Laruen Slater publicou no New York Times um artigo [The trouble with self-esteem] no qual afirma que nada comprova que a autoestima baixa seja um grande problema na sociedade e chega a dizer que “... as pessoas com autoestima elevada são mais perigosas do que as pessoas com baixa autoestima, e estar incomodado consigo mesmo não é a fonte dos maiores problemas sociais do país”. 
Quando mudamos a forma com a qual somos direcionados a enxergar determinadas pessoas, numa cultura crescentemente marcada pelo vitimismo, algumas coisas passam a fazer maior sentido. 

Eu, particularmente, julgo ser mais lúcido acreditar que uma pessoa que seja soberba faça um grande mal à outra, do que uma pessoa que se sente menor e mais fraco do que os demais.

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