Não há como uniformizar condutas,
posturas e idealizarmos certos grupos humanos/sociais. Tratar a complexidade
das relações humanas de maneira linear e uniforme é, no mínimo, equivocado.
Precisamos parar de dividir o mundo em dois pólos antagônicos que pressupõem
reduzir a realidade em “branco mau x negro bom”, “homem agressor x mulher
vítima”, “hétero opressor x homo oprimido”. É importante revelar o que é bom e
denunciar o que é mau, contanto que fujamos, sempre, das idealizações. A ideia
é valorizar o positivo, mas sem idealizar.
Percebo que muitos caem nessa
idealização de certos grupos sociais, eximindo-os de qualquer culpa que possam
ter, tratando-os sempre como vítimas, sem sequer por um momento pensar nas suas
individualidades humanas. Idealizar esses grupos, descartando suas
singularidades, leva-nos a fantasiar e florear a realidade de tal maneira que a
discriminação continua presente, porém, camuflada aos olhos dos que idealizam.
Um exemplo prático disso é nutrir
aquela visão romântica e ideal de mulheres vítimas, oprimidas pela
desigualdade, de negros oprimidos e infelizes, sobrevivendo diariamente numa
sociedade extremamente racista, de pobres tristonhos, cheios de vontade de
trabalhar e estudar, só esperando uma baita oportunidade bater em sua porta, de
homossexuais coitadinhos, deprimidos, massacrados diariamente por heteros
preconceituosos.
Sabemos que, apesar de todas
essas situações serem – infelizmente – reais, elas não são “a regra” e que nem
sempre é assim. Um exemplo ainda mais comum disso é a questão dos moradores de
rua. Geralmente, quando pensamos em um, sentimos pena, culpa por termos tanto e
ainda assim reclamarmos, enquanto outros moram nas ruas e não têm o que comer. Sentimo-nos
até impelidos em ajudá-los e fazer algo em prol desses indivíduos. No entanto,
basta sairmos nas ruas de grandes centros urbanos que encontraremos realidades
bem distintas destas. Lá existem pessoas nestas situações, sim, porém, também
existem pessoas que têm oportunidades de saírem dali, mas não o fazem porque
NÃO querem o fazer. Ou seja, ao idealizarmos a imagem desse grupo de pessoas –
moradores de rua – distanciamo-nos da complexidade que é a realidade dos
diferentes tipos de pessoas que compõem esse grupo.
Minha ideia é que, como eu disse
anteriormente, não devemos deixar de nos indignar com toda e qualquer injustiça
que permeia nossa sociedade, com a maldade que está presente em todo tempo e
lugar. No entanto, não devemos também atribuir essas qualidades a apenas um
determinado grupo de pessoas. O ponto central de tudo é entender que a questão
“racismo”, “preconceito”, “violência” e “intolerância” não tem a ver com
gênero, cor ou orientação sexual. Mas sim com raça: homo sapiens. O ser
humano é mau, seja ele branco, negro, mulher ou homem.
Uma cosmovisão bíblica:
E essa é a resposta bíblica para
a origem de toda desigualdade e injustiça que vemos na humanidade. “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” {Romanos 3:23}. A partir
do momento que a natureza do ser humano tornou-se corrompida, após a queda de
seu primeiro representante, Adão, o mal se instalou em sua essência e, desde
então, tem influenciado seus atos e inclinações.
Logo, vejo que lutar contra o
preconceito, violência, discriminação, como se fossem um fim em si mesmos, não
é eficaz. Como cristã, penso que o Homem precisa mais do que desconstruir
preconceitos e atitudes desumanas, ele precisa mudar sua essência.
E, a única maneira de alcançarmos
tal transformação, está claramente respondida na continuação do capítulo 3 de
Romanos, após o versículo 23, que diz:
“Sendo justificados gratuitamente
por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu
como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a
sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e
justificador daquele que tem fé em Jesus. {Romanos 3:24-26}
Pela fé no sacrifício de Jesus e
pelo arrependimento das velhas obras, o homem tem a chance de mortificar sua
velha criação – que está caída e corrompida – e nascer de novo, no espírito,
tornando-se um novo homem em processo de recriação: Deus recria o homem de
dentro para fora, através de sua multiforme graça que, continuamente, opera em
seu coração por intermédio de Cristo Jesus, que agora habita em seu interior.
Essa é a gloriosa obra da cruz,
capaz de unificar e estabelecer a paz entre todos aqueles que a ela se achegam.
“Não há judeu nem grego, escravo
nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” {Gálatas 3:28}
Nenhum comentário:
Postar um comentário