sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O rio da vida



A vida é como um rio em fluxo. Eventualmente, olhamos para seu ritmo em conduzir as águas e, como habituais obsessivos por controle, tentamos manipular o seu fluxo conforme o que achamos apropriado. “Mais devagar!” diz um. “Mais depressa!” diz outro. “Isso demora muito, vou apressar!”, diz o ansioso. “Isso está rápido demais, preciso adiar”, reclama o procrastinador. E assim tentamos mudar o natural fluxo das coisas, desejamos alterar seu ritmo e impor a ele a nossa maneira, que julgamos ser a melhor, de conduzir as águas. O resultado? Desastres, na certa. Destruímos o que era para ser natural, transformamos em artificial e sofremos as conseqüências – imediatas ou não – dessa atitude.
Eu e você, infelizmente – ou felizmente –não podemos conduzir o fluxo do rio da vida conforme o nosso querer sempre. Os imprevistos estão aí como prova disso.
Contudo, podemos e necessitamos entregar nossa compulsão por controle Àquele que possui em suas mãos o total controle do fluxo, ritmo, forma, início e fim do rio da vida.O medo e a ansiedade podem ser sintomas de quem percebe que não consegue controlar totalmente o rio, conforme o seu querer. Confiança e alegria são efeitos naqueles que souberam entregar o controle – ou reconhecer isto – ao Senhor de tudo.
Olhe para os lírios do campo, disse Jesus, e aprenda com eles. Eles não trabalham, não controlam com sua força absolutamente nada, contudo, podem descansar dia após dia na certeza de que o Seu Criador mantém em Seu controle o fluxo de tudo ao seu redor. Concordo com C.S. Lewis quando diz que talvez o nosso desafio seja fazer pela razão o que eles fazem sem ela.



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sobre religiões modernas e cristianismo:

A religião moderna acredita que a causa primária e o cerne da religião é o homem. Confundem o canhão com a bala que ele lança, atribuindo poderes místicos e elevados aos cosmos e a toda natureza em si. Buscam deuses pessoais na natureza que o cerca, esperando assim receber uma ajuda contra o poder e a força inefável dos cosmos e da própria natureza. Abandonam sua fé num ser espiritual, extramundano e pessoal e, encantados pela altivez do espírito humano, prostram-se diante de um ideal impessoal, onde em auto-adoração, supõem ser eles mesmos a venerável encarnação. Egoísta, ela nunca supera o seu caráter subjetivo e individualista, permanecendo sempre uma religião voltada totalmente para o homem. Os homens são místicos e religiosos afim de invocar poderes da natureza para livrá-los do mal, de suas necessidades e opressões.Tendo como cerne o próprio homem e o espírito humano, está sempre em busca de salvação, libertação, suprimento de necessidades, elevação e êxtase espiritual. E mesmo quando trata-se de uma religião monoteísta, o deus a qual ela serve existe apenas para ajudar o homem, dar tranquilidade ao Estado, dar livramentos de toda sorte de mal e garantir assistência nos tempos de necessidades e tentação. Uma religião ou prática religiosa sustentada nesses ideais não subsiste por muito tempo, pois, assim que as necessidades, perigos, tentações e êxtases se vão, vão também o sentimento religioso e a devoção do fiel. Não é a toa que esse tipo de religião prospera muito entre pessoas mais necessitadas e que carecem de socorros, no entanto, é ignorada pelos mais cultos e abastados, pois estes já se libertaram da opressão maléfica dos cosmos e não precisam mais das muletas da religião para se sustentar. Esse é o fim egoísta de toda religião voltada para o homem. Este foi o percurso das religiões em todas as nações não cristãs e, infelizmente, repete-se hoje entre cristãos nominais que ainda não entenderam qual é a origem e o fim da verdadeira religião: Levar cada coração humano a render glórias a Deus por aquilo que Ele é, fez e faz. E entender que não é Deus quem existe por causa de Sua criação, ao contrário, é toda Sua criação que existe por Sua causa, e apenas para Ele mesmo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Estudo sobre Calvinismo e Cosmovisão - Parte 1




Enquanto leio o livro “Calvinismo”, de Abraham Kuyper, senti a necessidade de compartilhar um pouco do que é o calvinismo como um sistema de vida, uma cosmovisão, ou ainda, um estilo de vida cristã. Então, começaremos com duas perguntas básicas para entendermos melhor esse estudo:

O que é calvinismo nessa concepção?
O calvinismo historicamente falando é o canal pelo qual a reforma protestante se expandiu. Filosoficamente ele é o conjunto de pensamentos que influenciou o estilo de vida de muitos. Politicamente é a ideia que garantiu liberdade às nações, como Holanda e Estados Unidos.

“A convicção de que o todo da vida do homem deve ser vivido como na presença divina tem se tornado o pensamento fundamental do Calvinismo. Por esta ideia decisiva, ou melhor, por este fato poderoso, ele tem se permitido ser controlado em cada departamento de seu domínio inteiro. É a partir deste pensamento-matriz que nasce o sistema de vida abrangente do Calvinismo.”

Por que o autor usa o termo “Calvinismo” ao invés de “Protestantismo”?
Lutero pode ser interpretado sem Calvino, mas Calvino não pode ser interpretado sem Lutero. É notável e reconhecida a importância de Lutero na história do Cristianismo, por isso, Calvino colhe o que Lutero começou a semear. Quanto à soteriologia, Lutero defende a salvação exclusivamente pela fé, mas ainda mantém o pensamento da importância da igreja entre Deus e o homem, como mestre mediando esta relação, ainda muito ligado a doutrinas romanistas. Calvino é o primeiro a procurar a igreja nos homens. Calvino amadurece sistematicamente o pensamento de Lutero, por isso o autor prefere o termo "calvinismo".

“O Luteranismo restringiu-se a um caráter exclusivamente eclesiástico e teológico, enquanto que o Calvinismo coloca sua marca na Igreja e fora dela, sobre cada departamento da vida humana. Por isso, em lugar algum o Luteranismo é citado como o criador de uma forma peculiar de vida; até mesmo o nome de “Luteranismo” quase nunca é mencionado; enquanto que os estudantes de História com crescente unanimidade reconhecem o Calvinismo como o criador de uma cosmovisão inteiramente própria.”

Longe de cultuar homens, o calvinismo dispensa o culto aos heróis, pois, interpreta que Alguém maior do que os heróis tem feito sua obra aqui: Deus.

Segundo Abraham Kuyper, existem quatro principais sistemas de pensamentos que têm influenciado as atuais civilizações, que são: O Romanismo, o Islamismo, o Paganismo e o Calvinismo.

Para Kuyer, o romanismo e o islamismo possuem uma unidade de pensamento em suas constituições e isso acaba garantindo aos seus fiéis um sentido para onde ir, são formas de pensamentos expansivas que abrangem todas as esferas de vida de seus seguidores. Já o protestantismo não possui essa unidade, logo ficamos como quem vaga pelo deserto sem saber para onde ir. Essa falha em constituir-se como um sistema de vida, tem dado abertura para o panteísmo, nas nações protestantes, clamarem cada vez mais por espaço nas esferas de vida da sociedade, inclusive na teologia, querendo derrubar a tradição cristã e substituí-la por um “budismo moderno”. 

Ao contrario dos nossos pais apostólicos, que lutavam por causa da glória de Deus e por um cristianismo purificado, os homens hoje [inclusive cristãos], influenciados pelos pensamentos que nasceram com a revolução francesa e com a filosofia alemã, lutam pela glória do homem. Substituíram o pensamento humilde do Gólgota por um pensamento orgulhoso que leva os homens ao “culto a heróis”. Torna-se urgente e necessária um sistema de vida intrínsecamente cristão, que resgate o puro e simples cristianismo.

Como uma eficaz forma de combater as ideias pagãs e modernistas, precisamos estabelecer uma unidade na concepção de vida, na forma como enxergamos o mundo, precisamos ultrapassar o dualismo vida religiosa x vida secular. Mas, com um protestantismo vago, sem rumo, não conseguiremos. O calvinismo resgata essa essência de vida cristã e, semelhantemente ao romanismo que difundiu seu pensamento na civilização ocidental, podemos dar uma resposta aos ataques do paganismo e modernismo.

Nas palavras de Kuyper:

"E por que nós, cristãos, estamos tão fracos diante deste Modernismo? Por que constantemente perdemos terreno? Simplesmente porque estamos destituídos de uma igual unidade de concepção da vida, somente isto poderia habilitar-nos com irresistível energia para repelir o inimigo na fronteira. Esta unidade de concepção da vida, contudo, nunca será encontrada num conceito vago do Protestantismo, envolvido em todo tipo de caminhos tortuosos; todavia, vocês o encontram naquele poderoso processo histórico, o qual o Calvinismo cavou seu próprio canal para o poderoso curso de sua vida. Apenas por essa unidade de concepção como dada no Calvinismo, vocês na América e nós na Europa, poderíamos ser capazes, uma vez mais, de tomar nossa posição ao lado do Romanismo, em oposição ao Panteísmo moderno. Sem essa unidade de ponto de partida e sistema de vida devemos perder o poder para manter nossa posição independente, e nossa força para resistir deve declinar."

Como provar que o calvinismo possui uma resposta cristã completa contra os ataques do paganismo, trazendo um sistema de vida único, abrangente e expansivo, assim como o romanismo, o islamismo, o paganismo e o modernismo possuem? Avaliando quais são as condições que caracterizam esses sistemas como sistemas gerais de vida. Estas condições podem ser divididas em três relações fundamentais para a vida humana, a saber: relação com Deus, relação com o homem e relação com o mundo (o que chamamos na teologia reformada de decreto espiritual, social e cultural). Nos próximos estudos abordaremos cada uma dessas relações.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Equilíbrio, um enfeite no pescoço




Eu gosto de pensar sobre ética e virtude segundo Aristóteles, já que para o filósofo toda ação humana tende ao excesso ou a falta, no entanto, a verdadeira virtude encontra-se no equilíbrio. Por exemplo, o excesso de coragem é a temeridade, a impulsividade. A falta de coragem é a covardia. Ambas são consideradas vícios. É preciso buscar o equilíbrio, que é a virtude, ou seja, a coragem em si. A virtude do bom senso, do equilíbrio, leva-me a acreditar que todo e qualquer extremismo é vicioso, egocêntrico e cego. Contudo, buscar a virtude é saber ver com os próprios olhos e com os olhos dos outros. 
Levo comigo os sábios conselhos de meu Pai: "Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista; trarão vida a você e serão um enfeite para o seu pescoço..."(Provérbios 3:21-22)

Aparências.


Chega a ser cômico o tanto que as aparências podem nos enganar. Conhecer uma pessoa de perto, no íntimo, no pessoal, pode significar saltar de uma imagem meramente imaginária – o virtual – que outrora você projetou dela, para enxergar como ela é de fato – o real. Essa passagem pode ser frustrante ou fascinante, mas sempre surpreendente. 
Fato é que nós, muitas vezes, identificamos alguns signos – sociais, econômicos, culturais, religiosos etc. – em uma determinada pessoa e, a partir daí, começamos a projetá-la em nosso imaginário. Podemos subestimá-las e ignorá-las por não reconhecer nada que nos agrade ou elevá-las a uma categoria de semi-deus, senhora perfeição. Ambas as atitudes são maléficas e podem nos prejudicar muito. 
Uma nos impede de conhecer pessoas incríveis, outra nos frustra por descobrirmos que não são incríveis. 
A saída, que deve ser um constante exercício mental, é deixar as projeções e expectativas de lado e simplesmente encarar aquele ser real diante de nós. As surpresas virão, sempre! Contudo, não nos machucarão. Ou nos machucarão bem pouco.

Sou princesa, sou serva.




Gosto muito dessas duas expressões e acredito ser de extrema importância o equilíbrio de ambas na personalidade da mulher [cristã]. Saber que somos princesas (como muitos costumam nos chamar, fazendo uma referência ao fato de sermos filhas do Rei) resgata em nós um sentido de valor, de importância, ajuda-nos a enxergar a nós mesmas com apreço e termos uma auto-estima e auto-imagem saudáveis. Porém, saber que também somos servas nos previne de sermos mimadas e excessivamente vaidosas. Uma princesa sabe que é amada e estimada. Uma serva sabe que não é o centro do mundo e que não terá seus caprichos e vontades atendidos quando bem entender. Combinar coragem com feminilidade, força com doçura, é um desafio e tanto! Mas, é sempre bom ter em mente que ser doce não significa ser fraca e que ser forte não significa ser dura, necessariamente.

Não deposite sua felicidade em algo que você possa perder


Definitivamente, não dá para sentir-se pleno e feliz depositando toda confiança e expectativa em coisas que são falíveis, passageiras e inconstantes. Riquezas se esgotam, bens acabam, pessoas mudam e vão embora e, com a perecidade destas coisas, vão também toda nossa alegria e felicidade. Tornamo-nos inconstantes, pessoas que pendulam de um polo ao outro, ora feliz, ora infeliz. 
Qual seria, então, a solução para esse mal, se não buscarmos o que seja constante, eterno, imutável e infalível para que, então, possamos depositar toda nossa felicidade e expectativa? E quem mais poderia ter em si todos esses atributos, se não o Criador e Redentor de nossas almas? Poder depositar toda minha confiança em Cristo e apoiar-me inteiramente em Sua pessoa, dá-me a confiança e a estabilidade necessária que preciso para ser feliz, seja na alegria, seja dor - sim, é possível experimentar contentamento e paz mesmo em meio às adversidades. 
Por isso gosto de quando C.S.Lewis diz "Não permita que sua felicidade dependa de algo que você possa perder", e eu estou convicta de que "nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos afastar [nos fazer perder] do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." - {Romanos 8:38-39}. 

A antítese do coração.


Antítese: Contra ponto, duas declarações distintas acerca de uma mesma realidade. Logo, as duas não podem ser verdade simultaneamente. Teologicamente falando, antítese é tudo aquilo que se opõe à sabedoria de Deus. A antítese se passa no cerne do nosso coração, é a oposição entre o pensamento apóstata e a mente de Cristo. E, como é do coração que brotam os pensamentos da vida, essa antítese se manifesta nas diferentes formas de expressões do homem, como na cultura, filosofia, em toda forma de pensar e agir. Fica claro como nosso coração pode se tornar uma fábrica de antíteses, opondo-se a toda sabedoria de Deus, endurecendo-se contra qualquer revelação que seja proveniente da mente de Cristo. Quando negamos a autoridade divina das Escrituras, relativizando e colocando-a em segundo plano, damos um exagerado destaque aos pensamentos e ideias contrários às Escrituras e chegamos bem próximos da apostasia, mesmo que, na em nossa imaginação, esteja tudo bem. Se existe uma pessoa a qual precisamos pregar o evangelho todos os dias, esta somos nós mesmos. 
- {Romanos 1:25} -

Resignação em meio a infantilidades




Tenho percebido o quão infantil podemos ser diante das más situações. Vejo o quanto nossa alma, manchada por uma natureza pecaminosa, é inclinada a buscar na afronta uma forma de chamar a atenção de Deus. 

Quem nunca, ao perder algo que considerava importante ou ao não ter as coisas funcionando com planejara, não foi tentado a rebelar-se contra Deus e pôr nele toda culpa, voltando-se para o que é mau? É uma atitude bem simples. Você se decepciona e diz “também não confio em mais ninguém”. No fundo, nossa intenção não é mais deixar de confiar nas pessoas, mas, ao proferir essas palavras, desejamos chamar atenção de alguém – nesse caso, de Deus – e, quem sabe, poder ouvir palavras de consolo como “Não diga isso! Claro que você pode confiar, eu porei na sua vida pessoas que merecerão sua confiança!”. Contudo, não é isso que acontece. Em meio as nossas reclamações e indignações, ouvimos um belo de um silêncio. Os céus parecem não se moverem com as nossas queixas. 
Na verdade, o que se move é a nossa consciência. Diante de tal mesquinha reação, nossa consciência, iluminada pelo Espírito de Deus, leva-nos a perceber o quão tola é essa atitude. Compreendemos então que a afronta não é, nem de longe, a melhor forma de chamar a atenção do Eterno. Na verdade, nós nem sequer precisamos o fazer! Basta lembrarmos que, em sua infinita graça e misericórdia, Ele escolheu voltar a nós sua atenção e compaixão. E, mesmo quando tudo aparentemente dá errado, sem entendermos o porquê, podemos confiar que todas as coisas – boas e ruins - cooperam para o nosso bem: Cristo está sendo formado em nós! 
Como Cristo, não afrontamos o Pai quando estamos na cruz. Podemos derramar sobre ele nossas aflições, tristezas, lágrimas e decepções. Porém, sempre com o coração dizendo, em profunda adoração e resignação: Contudo seja feita a tua vontade {Lc 22:42} (...) Deus meu, Deus meu {Mc 15:34}.

Cultura dos coitadinhos


Até aproximadamente o século 20, as culturas mais tradicionais acreditavam que a autoestima elevada demais era a causa de todos os males da sociedade. Em contraste, na sociedade ocidental de hoje, desenvolvemos um senso cultural totalmente oposto. A base da educação contemporânea, a maneira como tratamos os encarcerados, o fundamento da maior parte da legislação moderna e o ponto de partida do aconselhamento de hoje, partem da crença que as pessoas agem mal por falta de autoestima e por terem uma valorização baixa de si mesmas. 

Por exemplo, a razão pela qual um indivíduo assaltaria outro e cometesse outros crimes, seria o fato dele ter uma valorização muito baixa de si mesmo. Anos atrás, a visão seria de que o problema desse criminoso seria uma visão exagerada de si mesmo – soberba, arrogância. 
Qual das duas está certa? Não sei. Pode ser ousado demais querer arriscar esse tipo de análise acerca de toda uma cultura, envolvendo relações tão complexas. 


Contudo, em 2002 a psicóloga Laruen Slater publicou no New York Times um artigo [The trouble with self-esteem] no qual afirma que nada comprova que a autoestima baixa seja um grande problema na sociedade e chega a dizer que “... as pessoas com autoestima elevada são mais perigosas do que as pessoas com baixa autoestima, e estar incomodado consigo mesmo não é a fonte dos maiores problemas sociais do país”. 
Quando mudamos a forma com a qual somos direcionados a enxergar determinadas pessoas, numa cultura crescentemente marcada pelo vitimismo, algumas coisas passam a fazer maior sentido. 

Eu, particularmente, julgo ser mais lúcido acreditar que uma pessoa que seja soberba faça um grande mal à outra, do que uma pessoa que se sente menor e mais fraco do que os demais.

Segredo da Felicidade




Homens buscam por ele ao longo da história humana, mas poucos o encontram: Qual será o segredo da felicidade? 
Descobri que este está em submeter-se completamente ao senhorio e entregar-se inteiramente ao amor de um Deus vivo, que se move e move os cursos dos homens. 
O prazer pleno da alma não pode estar naquilo que é passageiro, líquido, fraco, que se dissolve no tempo e no espaço e logo não existe mais. Estas coisas, quando passam, deixam um vazio em seus lugares e nos fazem retornar ao estado anterior de falta e desejo. 
A verdadeira felicidade, porém, precisa estar apoiada naquilo que é sólido, constante e imutável, pois só assim ela será, de fato, um estado de espírito e não mais um relance de prazer passageiro.
O Senhor, Yahweh, é rocha forte, torre alta, fortaleza, pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação, Aquele que é antes de todas as coisas e por meio do qual todas as coisas subsistem. Porá o homem sua confiança nele e nunca será decepcionado, nunca será abalado. Sua alma se alegrará na falta e na abundância e um riso novo se estenderá sobre seus lábios a cada novo dia.

Sobre Abraham Kuyper:




Estou impressionada com a vida de Abraham Kuyper, depois dessa biografia, fiquei com ainda mais vontade de devorar seu livro que estou lendo atualmente, intitulado "Calvinismo".
O homem, cristão de tradição calvinista, foi teólogo e filósofo e se envolveu intensamente na áreas acadêmicas e políticas de seu país, a Holanda. Foi líder de um dos principais partidos políticos do país, membro do parlamento por 3 anos e primeiro ministro da Holanda por 4 anos. 
Fundou a universidade livre de Amsterdã, onde trabalhou como administrador e professor. Foi editor de jornais cristãos e, em meio a essa vida intensa de serviço, encontrou tempo para escrever e publicar mais de 200 volumes de profunda substância intelectual. Kuyper. certamente marcou a história da Holanda e da Igreja. 
Enquanto eu me perguntava como um homem consegue tempo e vigor para tantas realizações em sua vida, deparei-me com essa declaração do próprio Abraham:


Um desejo tem sido a paixão predominante de minha vida. Uma grande motivação tem agido como uma espora sobre minha mente e alma. E antes que seja tarde, devo procurar cumprir este sagrado dever que é posto sobre mim, pois o fôlego de vida pode me faltar. O dever é este: Que apesar de toda oposição terrena, as santas ordenanças de Deus serão estabelecidas novamente no lar, na escola e no Estado para o bem do povo; para esculpir, por assim dizer, na consciência da nação as ordenanças do Senhor, para que a Bíblia e a Criação deem testemunho, até a nação novamente render homenagens a Deus.

Um homem com imensos talentos que entregou-se à reconstrução das estruturas sociais de sua terra. Que legado, que propósito de vida! Inspirador, no mínimo.

Solitude



No silêncio da solitude é onde melhor consigo ouvir minha própria voz, encontrar-me dentro de mim mesma e escutar Deus falando, sussurrando lá no fundo coisas que preciso ouvir, apesar de nem sempre querer ouvi-las - isto eu aprecio muito no meditar em Deus e em Sua Palavra, o abrir dos olhos para a verdade e não para a conveniência. O problema é quando isso vira um vício, quase um subterfúgio, onde a ideia da presença de qualquer "objeto" perturbador ameaçando a minha paz, deixa-me angustiada. No fim, volto-me para meu lugar secreto, onde a luz fica sempre acesa e descubro mais uma verdade: Medo. O perfeito amor lança fora todo medo, Ele replica mais uma vez.

Uma escalada rumo ao céu




"Então, das campinas de Moabe Moisés subiu ao monte Nebo, ao topo do Pisga, em frente de Jericó. Ali o Senhor lhe mostrou a terra toda"
{Deuteronômio 34:1 - NVI}

Uma caminhada que tinha tudo para ser chamada de “a caminhada da morte” foi, na verdade, uma caminhada para vida. Moisés solenemente subia até o topo do monte Nebo, elevava seu corpo e sua alma rumo ao céu. No alto do monte Moisés contemplava a Canaã terrestre, a qual ele jamais poderia desfrutar. Contudo, certamente seus olhos e seu coração permaneciam fixos na Canaã celestial que o esperava. Os portões estavam abertos, prontos para sua chegada, ao invés de medo ou murmuração, Moisés fazia aquela escalada sem reclamar, talvez até mesmo com a alegria de alguém que muito sofreu, peregrinou numa terra seca, no meio de um povo obstinado, mas que, finalmente, iria em direção ao seu lar eterno, à sua terra santa celestial, onde há leite e mel com fartura, onde há abundância de vida, de alegria, onde habita a fonte de todas as bênçãos que em vida ele experimentou.
Algum tempo depois disso, o Diabo, tentando imitar a Deus, eleva Cristo numa ilusão aérea, no alto de um monte e oferece-lhe os reinos desse mundo e a glória deles. Mas, como Moisés, Jesus tinha seus olhos fixos na Jerusalém Celestial e não a trocava por nada dessa terra.
Moisés morreu e Deus o sepultou, mas Cristo morreu e Deus o ressuscitou. Pois a lei deveria ser sepultada, mas o evangelho de Cristo permanece para sempre.  E essa é a nossa alegria ao peregrinarmos pelos vales e montanhas dessa vida, rumo ao céu. Que a visão deslumbrante da cidade santa nos leve a buscá-la, esperando uma pátria muito melhor da que temos hoje. Pois, se estivermos pensando demasiadamente nessa de onde saímos, teremos oportunidade de voltar, entretanto a nossa direção deve ser a vertical, para cima!

"Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria.
Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade."
{Hebreus 11:13-16 - NVI}

Culto ao Corpo



Estudando sobre a relação da sociedade com o corpo humano, especialmente no século XX e XXI, estive pensando sobre dois ideais de “corpo perfeito” que predominam hoje: O corpo ectomorfo, que valoriza o formato de corpo linear, típico das modelos de passarela, e o corpo hipertrofiado, que valoriza o formato de corpo muscular. 
Esses dois ideais disputam espaço e, nos últimos anos, tem-se visto a “geração saúde”, que ama academias e anabolizantes, afirmar que é a geração que busca mais do que um corpo com formas exuberantes, mas busca saúde, força e um estilo de vida saudável. 
Eu, particularmente, acho isso pura ladainha, na maioria das vezes. Não sou contra exercícios físicos, eu mesma procuro praticar regularmente. Mas o que tem acontecido ultimamente é, na verdade, uma troca de ideal de corpo perfeito, de padrão de beleza, onde antes o magro era o único belo e agora o musculoso, bem definido e forte é o que toma o status de forma perfeita.  
Para mim ambos os casos são apenas sintomas de uma sociedade narcisicamente doente, que idolatra a si mesma e ama aparecer. Até porque, quem de fato busca saúde e bem estar, não tem a necessidade obsessiva de mostrar para o mundo o quão saudável, magro, forte, esbelto e musculoso é.  Isso tem outro nome: Culto ao corpo. 
Acredito que saúde seja uma harmonia entre mente, espírito e corpo, onde se pode ter boas perspectivas para o futuro quanto ao funcionamento do próprio ser, prevenindo e tratando qualquer patologia em qualquer uma das áreas. 
Coisa que não enxergo nessa gente obsessiva por padrões estéticos, podem até ser belos exteriormente, mas não raro padecem dentro de si.


Para terminar, uma frase interessante pra refletir o assunto:
 “O culto ao corpo oculta a alma” (Zack Magiezi)